pra maira, que cortou o cabelo e ficou linda
os santos mirins da beleza de salão
(guardiões de moças que tremem
ao ver aquele cabra de tesoura em
riste, qual faca amolada na mão)
se juntaram pra fazer traquinagem
com essa menina que, charmosa
("cabelo cresce, não te esqueces"
- ela me diz, mentirosa)
declara à toda: cabelo é bobagem.
foi um dia, quem diria
numa piscadela dela pro espelho
que assanhou o anjo metedor de bedelho.
esse contou à cambada tal deixa.
juntos, saíram pra aprontar todas:
“vamos deixar aquelas madeixas
igual um monte de algas doidas”
cada qual, de dez dedos munidos
e em cada dedo uma mágica diferente.
um transformava o cabelo em
serpente, o outro tingia os pêlos
nas cores do arco-íris mais belo
e saliente.
o resultado eu falo:
cabelo cortado no talo.
curtinho pra não atrapalhar passista
no picadeiro, ela é circense equilibrista
muda o cabelo, mas o encanto,
ah, esse permanece... intacto!