velho joey ensinou
a misturar rima pobre
com cerveja e rock n roll

mil abelhas na colméia morrerão de fome e de tédio
secará o néctar de flores e frutos mais doces
filhotes de patinhos de todas as cores
serão pisoteados ou afogados ou engolidos

peixinhos dourados do lago mais límpido
e belo morrerão sufocados por estranha
poluição

e o mundo, o ar, o amor, o abraço
o sorriso e a saudade
vão definhar até a última pessoa
completamente,
se esquecer

cada vez que alguém muito jovem morrer

mulher bebendo café
me fita à soleira da porta:
ela sabe o que quer

ganha quem se perde
perde quem se vicia
amor, jogo ordinário
dor nossa de cada dia

campeonato baiano

le rouge et le noir
comandam a festa
hoje, na cidade do mar

me apaixonei completamente
naquele balcão de bar
esperando um drink quente

perguntareis como vai a vida
respondo com nostalgia roubada
que ainda não foi bem vivida

quando lembrança inunda a mente
é certo de que choro
ou seguro lágrima iminente.

nada de amor em brasa,
que rasgou meus vestidos
meus sapatos polidos
e incendiou minha casa

quero amor bom e pobre
esse é o que me cabe
já que sou, bem se sabe
a camponesa de coração nobre.