joana
segunda-feira, 14 de maio de 20076:38 PM
que pensamentos assaltam a menina
sentada na cadeira fria de uma universidade enquanto mexe os cabelos cuidadosamente confere as unhas cuidadosamente e suspira o tempo inteiro uma menina que trabalha de atendente numa loja de departamento e que nas horas vagas se exercita ou vê tv e vê mais tv e às vezes encontra o namorado essa menina que nunca foi maltratada na vida nunca passou fome ou sentiu frio ou saudade de alguém que morreu que não tem muitos problemas por que chorar que às vezes inventa um problema para chorar que nunca teve uma face cuspida ou estapeada nunca teve a mãe xingada ou a vida amaldiçoada e que também nunca sentiu prazer com um poema nunca visitou um amigo por saudade ou a avó quando imaginou perdê-la acho que essa menina não entende muita coisa eu penso que ela vai passar pela vida sem gozar do que realmente importa. |
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6:37 PM
fotografia I
poderia imaginar o seu percurso vão. você andaria preguiçosamente até a cômoda sentaria ao lado daquele telefone, relíquia de hotel antigo discaria um número complicado de cabeça dobraria um joelho, com o pé na cadeira para descascar o esmalte do dedão. enquanto isso, uma voz de loura responderia à linha (voz sexy) e triste, você poria o telefone de volta no gancho. |
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6:34 PM
uma bem sucedida professora de universidade
feliz por manter-se bela já com alguma idade responde com cansaço, lembrando o tempo que era dela ao atender o aluno agitado. mira-o com um olhar sado-conformado conformado com a sordidez da vida com a mumificação dos próprios sonhos com a preguiça de quem acha que já vira de tudo como vingança aos seus professores de outrora diz-lhe que se sente, que fale baixo e que leia tudo; que a prova é segunda e que o tempo é mudo. |
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