soneto do tamanduá ex-vegetariano

era um tamanduá com imaginação
um dia, carecendo de divertimento
entocou-se ao abrigo do vento
e inventou uma nova alimentação.

lhe aprazia o hedonismo à prestação
imaginava, com algum detalhamento
o esperado e tão precioso momento
de enfiar seu bico no formigueirão.

“saúvas, vinde a meu bico lânguido
prazer maior não posso esperar
essa vontade que carregava tímido

me parece adequado agora revelar
lhes aviso que o abrigo é úmido
mas meu estômago é só amor pra dar!”

respiro fundo
aceno pra vida
dou costas pro mundo

meninas Rizério
olhinhos pintados
que guardam mistério

lichia
olhos da cara
mas só alegria

I cannot be wrong
showing both sides:
sweet and strong

I wonder if a serenade
would finally make
you become my maid

I wish I could
take you to dance
and make you feel good

só grávida
enfrenta a vida
de barriga

piquenique na canga
bateu saudade
do seu suco de manga

batuqueira

bate o tambor, menina
bater tambor é sua sina
quebra regra dos terços
encadeia o samba-canção
que conheces de berço
inventa um ré, um mi ali
rima aqui um acolá
batuca com o copo na mesa,
no canto da roda com beleza
lembra o samba de noel menino
cartola de pandeiro e
nelson cavaquinho
que todo orixá abençoa
sua pressa de criança
sacodindo, mão sem calos
a meia-lua nessa dança
manhã nova incandeia
teu vestido que balança
pendura o colar de oxum
que a princesa há de soprar
a nota que talvez, um dia
te escape de encaixar
e assim teu samba
nunca vai parar…

armei uma rede
pra me balançar
na sua parede

que todos os santos
munidos de fé
desfaçam quebrantos
salvando a ralé

ouvi um latido
ou foi você
fazendo gemido?

“que realeza!”
repete o colega
a cansar minha beleza

queria um batom
pedi um vermelho
só tinha marrom

linda aquela ninfeta,
aquela que ri
quando faço careta

feliz é o momento
de ver você rir
das bobagens que invento

queria morrer
de pensar
que podia ser você!